“A angústia é o vértice da liberdade.” Søren Kierkegaard – O Conceito de Angústia

 Kierkegaard entende a angústia como um sentimento que surge diante da possibilidade — ou seja, da liberdade de escolha. Ao contrário do medo (que tem um objeto definido), a angústia não tem um “alvo” específico. É um sentimento de inquietação diante de todas as possibilidades abertas que o ser humano pode escolher.

Para Kierkegaard, isso se vê claramente na figura de Adão no Éden: mesmo sem ter pecado ainda, ele sente angústia por saber que pode escolher desobedecer — essa consciência da liberdade o desequilibra. Ou seja, a angústia nasce da percepção de que somos livres, e com isso, responsáveis pelas escolhas que fazemos.

A frase “a angústia é o vértice da liberdade” mostra que, mesmo sendo desconfortável, a angústia é necessária: é ela que nos coloca diante da nossa própria responsabilidade existencial. Fugir dela seria fugir de si mesmo. Enfrentá-la é o primeiro passo para amadurecer espiritualmente e se tornar um verdadeiro indivíduo.

Quem foi Søren Kierkegaard??

Søren Kierkegaard foi um filósofo, teólogo e escritor dinamarquês, considerado o pai do existencialismo. Nasceu em Copenhague, em uma família profundamente religiosa e intelectual. Seu pai, um homem melancólico e de fé rigorosa, teve grande influência em sua formação emocional e espiritual.

Kierkegaard estudou teologia na Universidade de Copenhague, mas sua obra ultrapassou o campo religioso. Ele escreveu sobre angústia, liberdade, desespero, fé, individualidade e o sentido da existência. Uma de suas ideias centrais era que cada pessoa deve se tornar um indivíduo autêntico diante de Deus, por meio de escolhas conscientes e da experiência da angústia.

Um ponto marcante de sua vida pessoal foi o rompimento com sua noiva, Regine Olsen, que ele amava, mas deixou por acreditar que seu destino estava ligado à vida espiritual e filosófica. Esse episódio influenciou profundamente sua obra, que é marcada por um tom introspectivo e existencial.

Kierkegaard foi crítico da Igreja Luterana de seu tempo, que via como burocrática e distante da verdadeira fé. Ele defendia um cristianismo vivido na prática, e não apenas seguido por tradição.

Faleceu jovem, aos 42 anos, deixando uma vasta produção filosófica e teológica. Suas obras mais conhecidas incluem:

  • Ou/Ou (1843)

  • Temor e Tremor (1843)

  • O Conceito de Angústia (1844)

  • A Doença para a Morte (1849) 


Na Casa Azul, reconhecemos que existir é um movimento singular — cheio de angústias, escolhas e possibilidades.

Assim como propôs Kierkegaard, a liberdade de ser exige coragem para encarar a si mesmo com honestidade. E é justamente nesse encontro com a verdade de quem somos que nasce a transformação.

💙 Que possamos, passo a passo, assumir a tarefa de ser quem somos — com presença, escuta e cuidado.

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