Ansiedade sob o olhar da Fenomenologia Existencial
A ansiedade, na abordagem da Fenomenologia Existencial, não é vista apenas como um transtorno ou um sintoma a ser eliminado. Ela é compreendida como uma experiência humana profunda, que faz parte da nossa existência no mundo. Em vez de tentar silenciar essa sensação a qualquer custo, essa abordagem convida à escuta: o que a ansiedade está tentando revelar sobre a nossa vida, nossas escolhas e nossos valores?
Na perspectiva fenomenológica, o ser humano é um “ser-no-mundo”, ou seja, alguém que está constantemente se construindo em relação ao mundo ao seu redor. A ansiedade, nesse contexto, pode surgir como um sinal de que estamos em confronto com algo essencial: a liberdade de escolher quem queremos ser e o peso das possibilidades que isso carrega.
Ansiedade como expressão da liberdade
Imagine uma jovem prestes a escolher sua carreira. Ela sente o estômago revirar, insônia e uma inquietação constante. Pela Fenomenologia Existencial, essa ansiedade não é apenas medo de errar, mas o efeito da abertura de infinitas possibilidades. Ela está diante da própria liberdade — e com ela, a responsabilidade de decidir.
Esse sentimento não indica que algo está “errado”, mas que ela está em contato com algo profundamente humano: a angústia de existir e ter que se posicionar diante da vida.
Ansiedade como sinal de desconexão
Outro exemplo: um profissional de meia-idade, bem-sucedido, mas que começa a sentir crises de ansiedade sem motivo aparente. Ao olhar mais de perto, percebe-se que ele vive de forma automatizada, seguindo expectativas externas — sucesso, status, segurança — mas desconectado de seus próprios valores e desejos.
A Fenomenologia Existencial propõe aqui uma pausa. Em vez de rotular esse sentimento como patológico, ela propõe um mergulho na experiência vivida:
Como estou vivendo minha vida? Estou sendo fiel a mim mesmo ou apenas correspondendo a papéis sociais?
Um convite à autenticidade
A ansiedade, nessa abordagem, não é um inimigo, mas um convite. Um chamado para reavaliar o modo como estamos vivendo e para nos reconectar com aquilo que tem sentido. Claro, em casos mais intensos, o cuidado com a saúde mental e intervenções clínicas são necessários. Mas é fundamental lembrar: a ansiedade também pode ser uma porta de entrada para o autoconhecimento e para uma vida mais autêntica.
Ao nos escutarmos com mais profundidade e buscarmos compreender o que sentimos — sem julgar, rotular ou apressar — abrimos espaço para uma relação mais verdadeira conosco e com o mundo.
Casa Azul Psicologia: Ser & Viver
Um espaço para acolher sua existência com profundidade e cuidado.