O que é o Autismo? Uma Visão Clara e Atualizada sobre o TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que influencia a maneira como a pessoa percebe o mundo, se comunica e se relaciona socialmente. A palavra "espectro" reflete justamente a diversidade das manifestações: enquanto alguns indivíduos apresentam sinais sutis, outros vivem com desafios mais intensos no dia a dia.
Segundo os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o autismo é caracterizado por dois grandes grupos de manifestações:
1. Desafios na comunicação e na interação social
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Dificuldade em iniciar ou manter conversas, mesmo em situações simples do cotidiano.
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Pouca expressividade por meio de gestos, expressões faciais ou contato visual.
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Dificuldade em interpretar normas sociais implícitas, como compreender sarcasmos ou respeitar turnos de fala.
2. Comportamentos repetitivos e interesses específicos
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Repetição de movimentos, sons ou frases (como a ecolalia).
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Forte apego a rotinas e resistência a mudanças inesperadas.
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Interesses intensos e altamente focados por determinados temas — por exemplo, mapas, trens, dinossauros.
O que o autismo não é
É fundamental desconstruir mitos antigos. O autismo:
❌ Não é uma doença.
❌ Não tem cura — e nem precisa.
❌ Não é consequência de falta de afeto ou de problemas emocionais.
❌ Não está ligado necessariamente à deficiência intelectual. Muitas pessoas autistas possuem inteligência média ou até acima da média.
Dados recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) apontam que, atualmente, 1 em cada 36 crianças está dentro do espectro. Esse aumento na identificação se deve, em grande parte, à ampliação dos critérios diagnósticos e à maior conscientização social.
Cada pessoa autista é única. Algumas são verbais, outras não. Muitas têm sensibilidade sensorial a luzes, sons ou toques. Enquanto algumas desenvolvem grande autonomia, outras precisam de apoio constante.
O diagnóstico é feito com base em observação clínica, entrevistas com familiares e aplicação de instrumentos padronizados como o ADOS-2 e o CARS.
Hereditariedade ou ambiente? O que causa o autismo?
Essa é uma das perguntas mais comuns — e também uma das mais pesquisadas. A ciência tem avançado muito nesse campo, e os achados mostram que o fator genético é preponderante, embora o ambiente também tenha sua influência.
🔬 Evidências genéticas:
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Estudos com gêmeos idênticos indicam que, se um tem TEA, há entre 70% e 90% de chance de o outro também ter.
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Em gêmeos fraternos (que compartilham metade do DNA), essa chance cai para cerca de 30%.
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Pesquisas genéticas apontam centenas de genes associados ao TEA. Nenhum isoladamente "causa" o autismo, mas vários atuam em conjunto, aumentando a suscetibilidade.
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Mutações espontâneas, chamadas de de novo, também têm sido observadas em muitos casos.
Além disso, o histórico familiar é relevante: ter um irmão no espectro aumenta significativamente o risco de outro filho também apresentar sinais.
Conclusão parcial dos estudos: A genética explica de 50% a 80% da probabilidade de alguém desenvolver autismo.
E o papel do ambiente?
Ambientes, especialmente durante a gestação e os primeiros anos de vida, podem modular esse risco, mas não são causadores diretos do autismo.
Durante a gravidez, alguns fatores associados ao aumento do risco incluem:
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Exposição à poluição ambiental
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Infecções virais
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Diabetes gestacional
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Uso de certos medicamentos, como o valproato
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Idade paterna avançada
Nos primeiros anos de vida, os seguintes fatores têm sido observados:
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Prematuridade extrema
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Baixo peso ao nascer
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Complicações no parto
É importante reforçar: o ambiente não gera o autismo, mas pode influenciar o desenvolvimento das habilidades sociais, cognitivas e adaptativas. Crianças autistas tendem a responder melhor em contextos acolhedores, estruturados e estimulantes.
Por que falar sobre isso?
Informação de qualidade combate o preconceito e constrói uma sociedade mais empática.
Conhecer o espectro é uma forma de reconhecer a diversidade, promover inclusão e garantir os direitos de todas as pessoas — autistas ou não.
Cada ser humano tem seu ritmo, sua forma de perceber e de se expressar. A beleza está na diferença. ✨
Casa Azul Psicologia: Ser & Viver
Cuidando com ciência, acolhendo com humanidade 💙
Fontes confiáveis e embasamento científico
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DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
Referência central para definição dos critérios diagnósticos do TEA. -
CID-11 – Classificação Internacional de Doenças (OMS)
Atualização reconhece maior variedade de manifestações dentro do espectro. -
Sandin et al. (2017) – JAMA
Estudo sobre herdabilidade do autismo, com estimativas entre 50% e 80%. -
Tick et al. (2016) – Molecular Psychiatry
Meta-análise com base em estudos de gêmeos. -
Gaugler et al. (2014) – Nature Genetics
Destaca que a maioria dos riscos genéticos está em variações comuns do DNA. -
CDC – Centers for Disease Control and Prevention (2023)
Relatórios atualizados sobre prevalência e perfis identificados. -
Modabbernia et al. (2017) – Molecular Autism
Revisão sobre fatores ambientais associados ao autismo. -
Chaste & Leboyer (2012) – Dialogues in Clinical Neuroscience
Discussão sobre interação entre genes e ambiente. -
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
Guias técnicos para profissionais da saúde sobre sinais precoces e intervenções.