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Violência nas escolas: um problema social além dos muros da educação

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 A crescente violência nas escolas brasileiras revela um cenário preocupante, que ultrapassa os limites da sala de aula. Relatos de professores mostram que, muitas vezes, eles acabam sendo penalizados ou criticados pela situação de insegurança que se instala no ambiente escolar. Mas seria justo atribuir à educação toda a responsabilidade por esse fenômeno? O que se observa é que a violência dentro das escolas não é apenas uma questão pedagógica, mas sobretudo uma questão de segurança pública e social . A criança e o adolescente reproduzem no espaço escolar aquilo que vivenciam em casa e na comunidade. A escola, nesse sentido, torna-se o reflexo de uma sociedade desigual, marcada por conflitos, desamparo e falta de políticas públicas efetivas. À educação cabe, sim, o papel de conscientizar, orientar e formar cidadãos críticos , mas não se pode exigir que professores assumam funções que são próprias do Estado — como a garantia de segurança e o combate à violência estrutural. É pre...

📖 Michel Foucault: poder, saber e a construção da saúde mental

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Michel Foucault (1926–1984) foi um dos pensadores mais marcantes do século XX, conhecido por questionar como a sociedade organiza seus saberes e exerce o poder sobre os indivíduos. Em sua obra História da Loucura (1961), Foucault mostrou como, ao longo da história, pessoas consideradas “loucas” foram tratadas: primeiro isoladas, depois medicalizadas, revelando que a loucura não é apenas uma questão clínica, mas também social e cultural . Ele nos convida a refletir: 🔹 Quem decide o que é “normal” e o que é “patológico”? 🔹 O diagnóstico é apenas cuidado ou também uma forma de controle? 🔹 Até que ponto os discursos da medicina e da psicologia moldam a forma como cada pessoa se percebe? Para Foucault, o poder está presente nos discursos : ao nomear, classificar e diagnosticar, também se exerce influência sobre a vida do outro. Isso não significa negar a importância da ciência, mas questionar seus limites e seus efeitos. ✨ Hoje, trazer Foucault para a psicologia é pensar em uma práti...

🔍 Como o contexto social pode influenciar a vida de uma pessoa?

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  Na Psicologia, muitos estudiosos mostraram que o ser humano não se forma isoladamente. Nossas experiências, comportamentos e formas de pensar são, em grande parte, moldadas pelas relações e ambientes em que estamos inseridos. Lev Vygotsky , por exemplo, defendeu que o desenvolvimento ocorre através da interação com outras pessoas e com a cultura. Ele acreditava que aprendemos e nos transformamos a partir dos vínculos sociais e da linguagem.  Já Urie Bronfenbrenner propôs que somos influenciados por diferentes camadas de contexto — da família mais próxima até a sociedade como um todo. Sua teoria ecológica ajuda a entender como escola, trabalho, mídia e cultura impactam o desenvolvimento humano. Kurt Lewin , pioneiro da psicologia social, dizia que o comportamento é resultado tanto da pessoa quanto do ambiente onde ela está. Essa visão foi essencial para entender a influência dos grupos, normas e relações nas atitudes individuais.  A Psicologia também ganhou muito com as...

Violência Psicológica: a marca que não se vê, mas se sente

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 Nem toda violência grita. Algumas silenciam. A violência psicológica é um tipo de agressão que opera de forma invisível, mas profundamente destrutiva. Ela não deixa hematomas na pele — mas pode romper, aos poucos, a identidade, a autoestima e até a vontade de existir. Esse tipo de violência acontece por meio de palavras, silêncios, olhares, gestos de desdém, controle emocional, manipulação, isolamento social e desvalorização constante. A vítima, aos poucos, deixa de confiar em si mesma e começa a acreditar na narrativa do agressor. Esse mecanismo foi brilhantemente analisado pelo psiquiatra e filósofo Frantz Fanon, que estudou os efeitos da dominação colonial sobre a psique dos povos oprimidos. Em sua obra Pele Negra, Máscaras Brancas , Fanon discute como a violência simbólica — que desumaniza, inferioriza e controla — produz feridas profundas na subjetividade. Segundo ele, a violência psicológica rompe o vínculo do sujeito com sua própria humanidade, criando um “eu alienado”, ...

Sêneca e a Ira: Lições Antigas Para Emoções Modernas

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Falar sobre a ira parece, muitas vezes, tocar um nervo sensível da vida cotidiana. Quem nunca explodiu num momento de estresse ou se arrependeu de palavras ditas no calor de uma discussão? Sêneca, filósofo romano do século I, percebeu a força destrutiva dessa emoção muito antes dos tempos modernos. Para ele, entender a ira era essencial para viver com sabedoria — e sua visão ainda ecoa nas práticas terapêuticas e reflexões pessoais de hoje. A ira segundo Sêneca: uma paixão irracional No tratado "Sobre a Ira" (De Ira) , Sêneca afirma que essa emoção é uma forma de “loucura temporária”. Ela nasce da sensação de que fomos injustiçados, traídos ou desrespeitados — e que, por isso, temos o direito de reagir com violência, mas, para o filósofo, essa ideia é ilusória. A ira não nos faz justos, nos faz perigosos. Ele defende que a ira não nasce conosco; ela é aprendida, moldada por reações automáticas e reforçada pelo hábito. Sua proposta é clara: não devemos apenas "control...

“O grau de civilização de uma sociedade pode ser julgado entrando-se em suas prisões.” (Fiódor Dostoiévski – Recordações da Casa dos Mortos, 1861)

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 Essa frase foi escrita a partir da experiência real de Dostoiévski, que passou quatro anos em um campo de trabalhos forçados na Sibéria , após ser preso por envolvimento em atividades políticas consideradas subversivas pelo regime czarista. Dostoiévski propõe que a maneira como uma sociedade trata seus prisioneiros — aqueles que cometeram erros ou foram marginalizados — revela mais sobre seus valores do que leis ou discursos públicos. Se os prisioneiros são tratados com brutalidade, descaso ou desumanidade , isso indica que a sociedade está longe de princípios como compaixão, justiça e dignidade humana . Por outro lado, se até os detentos são vistos como seres humanos com potencial de transformação , então essa sociedade demonstra um alto grau de evolução ética e civilizacional . Essa frase é surpreendentemente atual. Ela ecoa em debates contemporâneos sobre: Sistema prisional e direitos humanos Justiça restaurativa vs. punitivismo Desigualdade e exclusão social Dostoiévski crit...

🐾 Terapia Assistida por Animais: Conexões que Curam

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 Você já percebeu como a presença de um animal pode mudar o nosso humor quase que instantaneamente? Agora imagine esse vínculo sendo usado de forma terapêutica, com propósitos específicos de promoção da saúde física e emocional. Assim é a Terapia Assistida por Animais (TAA): uma abordagem que une a sensibilidade humana ao instinto acolhedor dos animais. A ideia de que os animais têm um papel terapêutico não é nova. Registros históricos mostram que, já no século XVIII, na Inglaterra, pacientes com distúrbios mentais conviviam com animais em instituições como forma de estímulo emocional, mas foi nos Estados Unidos, por volta da década de 1960, que a TAA começou a ser estruturada como prática profissional. Um dos pioneiros foi o psiquiatra Boris Levinson, que observou melhorias surpreendentes em seus pacientes autistas quando seu cão estava presente nas sessões. Desde então, a Terapia Assistida por Animais tem ganhado espaço em diversas áreas da saúde. Cães, gatos, cavalos e até coe...